Gerenciamento de Riscos em QA: Uma abordagem estratégica para um melhor planejamento de testes

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No desenvolvimento de software, alcançar um sistema "zero defeitos" é praticamente impossível, ou seja, sempre haverá falhas não identificadas, seja por limitações técnicas, complexidade do sistema ou até mesmo devido a cenários que não podem ser previstos com antecedência. Logo, é fundamental contar com um bom planejamento de testes baseado em critérios plausíveis para que a maior quantidade de erros sejam identificados, principalmente os mais críticos. Um desses critérios para a criação de testes que pode compor a abordagem da equipe de QA são os riscos associados ao projeto.

O que é um Risco?

Para entender o que é um risco e abordá-lo de forma efetiva, é preciso descrever suas três etapas fundamentais:

  • Evento: O que pode acontecer? (Ex.: acessos acima do limite suportado pelo software).
  • Causa: Por que o evento pode ocorrer? (Ex.: planejamento inadequado de acessos, infraestrutura de hospedagem insuficiente ou falta de testes de performance).
  • Impacto: Quais são as consequências do evento? (Ex.: perda financeira e de reputação).

É natural querer resolver um problema assim que ele é identificado. No entanto, o primeiro passo para um gerenciamento de riscos eficiente é refletir sobre estes antes de agir. Essa abordagem permite identificar causas que possam mitigá-los, melhorando a eficiência do planejamento e das soluções implementadas.

O Risco é parte do Negócio

O risco é inevitável e está presente em diversas áreas de uma empresa, como:

  • Mercado: Mudanças na demanda, novas tendências ou variações no comportamento do consumidor.
  • Financeiro: Oscilações de custos, flutuações cambiais ou alterações fiscais.
  • Governamental: Novas regulamentações ou legislações que afetam diretamente as operações.
  • Recessão de Mercado: Impactos econômicos que afetam a capacidade de investimento e operação.

Cada uma dessas áreas deve contar com especialistas dedicados à sua mitigação, mas o risco sempre é inerente e parte do negócio, independente da área. Uma empresa pode enfrentar o risco de perder faturamento se houver um aumento repentino de acessos e a infraestrutura não estiver preparada para suportar essa carga. Tal fator pode ser mitigado com testes de performance, por exemplo, que refletem diretamente na área de QA.

Como classificar um Risco

A análise de riscos se baseia em sua probabilidade de ocorrência e no impacto que pode causar. Essa análise ajuda a priorizar os riscos, concentrando esforços naqueles que representam um maior potencial de dano.

Como gerenciar Riscos em QA

No contexto de QA, vamos apresentar dois métodos para o gerenciamento de riscos: o “Good Enough” e o PRISMA. Ambos oferecem abordagens distintas, mas são eficazes no processo de identificar, classificar e mitigar riscos. Vamos explorá-los em detalhes a seguir.

Método 'Good Enough' (Bom o Suficiente)

O método “Good Enough”, popularizado por James Bach, tem como principal objetivo flexibilizar o processo de entrega do software. Ele desafia o formalismo rigoroso, adaptando-se ao contexto e às necessidades reais do projeto. A essência desse método é avaliar se o software é “bom o suficiente” para ser lançado naquele momento, considerando um equilíbrio entre benefícios e riscos. Abaixo alguns questionamentos pertinentes a essa técnica:

  1. Tem benefícios suficientes? – A primeira questão é se o software entrega os principais benefícios que foram planejados. Se sim, é possível considerar sua entrega, mesmo que haja algumas falhas menores.
  2. Existem problemas críticos? – Identificar se há defeitos que possam comprometer a usabilidade básica ou a segurança do sistema. Se os problemas não forem críticos, eles podem ser resolvidos em futuras iterações, após a entrega inicial.
  3. Os benefícios superam os riscos dos bugs não críticos? – A entrega deve ser feita se os benefícios trazidos pelo software superarem os riscos de bugs conhecidos, desde que esses bugs não sejam críticos para a operação.
  4. Adiar a entrega causaria mais problemas do que entregá-la agora? – A análise também deve considerar os riscos de atrasar a entrega. Se o adiamento puder causar problemas maiores, como perda de oportunidades de mercado ou cumprimento de prazos contratuais, a entrega deve ser feita.

O método "Good Enough" se destaca por sua capacidade de ajustar o processo de desenvolvimento à realidade do projeto, priorizando a entrega contínua e a adaptabilidade. Ele é ideal para contextos de desenvolvimento ágil, onde a resposta rápida às mudanças é mais importante do que a perfeição técnica inicial.

PRISMA (Erik van Veenendaal)

O PRISMA é um método de gerenciamento de riscos mais formal, desenvolvido para identificar tanto riscos técnicos quanto de negócios, com foco nos que têm alto impacto e alta probabilidade de ocorrência. Ele envolve uma abordagem estruturada, garantindo um entendimento profundo dos riscos antes de implementar soluções.

O PRISMA segue um processo meticuloso, que inclui:

  1. Planejamento: Nesta fase inicial, são identificadas áreas complexas, características críticas do software e integrações sensíveis. Essa etapa é essencial para entender o contexto em que os riscos podem surgir.
  2. Kick-Off: A reunião inicial envolve todas as partes interessadas, garantindo que todos compreendam o escopo do gerenciamento de riscos e possam contribuir com insights valiosos.
  3. Preparação Individual: Cada membro da equipe analisa os riscos de forma independente, identificando potenciais problemas e sua relevância. Essa etapa permite uma visão mais ampla e variada dos riscos, levando em consideração diferentes perspectivas.
  4. Pontuação: Nesta fase, os riscos são classificados com base em sua probabilidade e impacto. A pontuação é essencial para priorizar quais riscos requerem atenção imediata e quais podem ser tratados em etapas posteriores.
  5. Estimativa em Consenso: Após a pontuação inicial, a equipe se reúne novamente para discutir e chegar a um consenso sobre a criticidade de cada risco. Essa abordagem colaborativa assegura que as avaliações sejam equilibradas e que todos estejam alinhados quanto às prioridades.
  6. Escolha de Abordagem de Testes: Com os riscos identificados e priorizados, é escolhida uma estratégia de testes que se alinhe aos riscos mais críticos. Essa abordagem garante que os esforços de QA estejam focados nas áreas de maior impacto.

O PRISMA é ideal para ambientes onde a formalidade e o rigor são necessários, como grandes empresas ou projetos de software críticos, onde o gerenciamento de riscos precisa ser altamente preciso e documentado.

Existem outros métodos, porém os dois apresentados são um ponto de partida que pode ajudar você a gerenciar seus testes baseado em riscos e fazer com que tenha um planejamento de testes mais efetivo e focado em parâmetros estratégicos.

Como vimos nesse artigo, o gerenciamento de riscos é essencial para garantir a qualidade do software e o sucesso dos negócios. Nossa equipe especializada oferece serviços de consultoria focados em identificar, priorizar e mitigar riscos de forma estratégica, ajudando sua empresa a reduzir incertezas e maximizar a confiabilidade dos sistemas.

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